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Carta aberta à comunicação social

Atendendo às recentes notícias associadas a erros de análise de imagem, a APRANEMN (Associação Portuguesa de Radiologia, Neurorradiologia e Medicina Nuclear), vem alertar a comunicação social para um conjunto de causas que podem potenciar estas situações e que, a bem da saúde pública, importa referir:

Nos últimos tempos, têm surgido, na sociedade portuguesa, múltiplas ofertas de “formação” em áreas do diagnóstico médico por imagem (nomeadamente em ecografia), algumas das quais on-line, destinadas a públicos ecléticos, incluindo profissionais “não médicos”, sob a forma de “cursos de ecografia” sem qualquer acreditação, não só da qualidade/competência dos formadores como das temáticas e conteúdos, muitas com conferência de certificado/diploma, mediante inscrições por vezes de valores elevados, e não sendo sujeitas a qualquer restrição legal ou ação fiscalizadora. Na posse destes “certificados”, paulatinamente, começamos a assistir à execução de exames por pessoas não certificadas, muitas vezes sem entrega de relatórios devidamente assinados.

Como é fácil de perceber, não se forma um especialista em imagem numa ação de formação de algumas horas ou mesmo dias. Um médico radiologista tem 5 anos de formação específica (intensiva e exclusiva) em imagem, para além dos 7 anos de formação em medicina, sendo sujeito a múltiplas avaliações, não só durante os períodos formativos como durante toda a carreira. Só assim é possível garantir as necessárias competências formativas, devidamente reconhecidas pelo colégio da especialidade e pela Ordem dos Médicos, com conferência do grau de médico especialista em Radiologia.

No dia 31 de Julho de 2019, representantes da Apranemn reuniram na Assembleia da República com os representantes para a saúde dos grupos parlamentares do PS e do PSD, e entregaram pessoalmente documentação ao presidente do Conselho Nacional da Saúde, alertando para a necessidade de regulamentar estas práticas que prejudicam os doentes e alertando para os riscos de que conduzam ou possam vir a conduzir, no futuro, a situações como as que estão a aparecer agora na comunicação social.

Neste contexto, foi ainda hoje publicada uma carta aberta ao Bastonário da Ordem dos Médicos (Sr. Dr. Miguel Guimarães) pelo presidente do colégio de Radiologia (Sr. Dr. Hugo Marques), que envio em anexo. A associação Portuguesa de Radiologia, Neurorradiologia e Medicina Nuclear (APRANEMN) revê-se nesta posição, que apoia inequivocamente.

Assim, a APRANEMN disponibiliza-se para esclarecer estas situações, e colaborar na criação dos mecanismos que permitam garantir a qualidade dos serviços prestados aos doentes.

20 de Outubro de 2019

APRANEMN

A Direção